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História Do Kuduro


A polémica é, segundo alguns teóricos, académicos e filósofos, a forma mais eficaz para se abordar e até mesmo trazer à cena discursiva todo e qualquer que seja o fenómeno, sobretudo quando este último está intrinsecamente associado ao desenvolvimento sócio-cultural de uma nação, dizendo respeito sobretudo às entidades, ao movimento (entenda-se quadro ideológico) e aos factores a ele inerentes, e que muitas das vezes não justificam por meras palavras, nem mesmo por intermédio de exercícios demagógicos e ou especulativos o grande movimento que é a expressão artística de compor e de fazer respigar para uma tela fonética ou mesmo textual extractos do que anda para além do sonho comum, de uma linguagem puramente coloquial catalogada aqui e acolá, e muito menos das estruturas que o projectam como um produto artisticamente belo.

Elegemos, para este primeiro debate, a palavra “polémica” de modo propositado por reconhecermos nela uma estrita ligação com o género musical Kuduro, e por ser também em nosso atender uma marca que o define como tal, diferenciando-o de outros ritmos, muito embora também tivéssemos constatado isso em relação ao hip hop aquando da sua afirmação em Angola. Logo, a polémica já não é tão nova assim no nosso ciclo de análise, aliás como em tudo. Assim como em circunstâncias outras, o Kuduro também é sim um manual para melhor compreendermos e suscitarmos vários debates sobre os problemas que dizem respeito à sociedade angolana, que em abono da verdade, diga-se, em nada ficará a dever a outras por possuir todos os instrumentos que movem e traduzem, sob o signo da expressão linguístico-artística, as estruturas basilares de um amanhã que a passos locomotivos vem se afastando cada vez mais de nossos olhos, fosse a linha do horizonte que se não consegue alcançar por desmérito natural. Assim também é a imagem perspectivada que se atribui ao Kuduro por ser um género, a nosso ver, imprevisível e estranhamente espontâneo. Kuduro é o produto da espontaneidade rítmica que vem movendo um número de jovens que elegem a dance music como um parceiro ideal.

O facto de a cultura não ser uma plataforma estática e estar intimamente ligada à necessidade de exposição de um sem número de fenómenos mais ou menos identificados como um apanágio cuja dimensão se desconhece pelo seu profundo alcance, leva a que se atribua às vezes a determinadas tendências artísticas terminologias ou mesmo rótulos que genericamente vão fazendo morada nos vários debates mantidos volta e meia, tudo com o único objectivo de se institucionalizar a ideia de que este último esteja amplamente ligado à triste obsessão de mediocridade de que se vem falando e que tem funcionado como a única forma de descrevermos o panorama da dance music, como se esse fosse o único caminho de que tenha encontrado o kuduro.

O surgimento ou a criação de novos factos culturais, político-sociais é um fenómeno que decorre fundamentalmente de circunstâncias muito próprias, de ideologias, às vezes, controversas e divergentes, no sentido de que a aparição desses novos factos poderem suscitar uma extraordinária inquietação junto de um circuito mais ou menos padronizado em termos de critérios de absorção de valores artístico-culturais (e por que não morais…), julgados inquestionáveis e inerentes a um suposto pragmatismo, cujo papel entre nós, tomando em atenção um período particular da nossa história recente, fora salvaguardar as linhas através das quais perpassavam as inquietudes que envolviam todo um processo artístico que estava ao serviço de um sentido político-patriótico vigente em Angola desde a sua independência em 1975.

Encarando a questão como a encaramos com algum optimismo é normal que tenham depois da inversão do quadro político surgido posicionamentos deterministas que de uma forma ou de outra foram colocando muralhas como se perante a uma época que estivesse totalmente definida em termos de ocorrências de fenómenos culturais, sendo que nenhum outro pudesse ter lugar, como se víssemos no tempo um fenómeno inteiramente estático. Por este facto, convém se calhar reforçar a ideia de que a criação de novos factos culturais enquadra-se perfeitamente numa visão globalizante e introspectiva (mais democrática, se quisermos), atendendo a múltiplos aspectos circunstanciais, uma vez que a criação e a própria evolução das sociedades é muitas das vezes determinada pelo posicionamento que cada um dá a este ou aquele factor de desenvolvimento que diz respeito a uma tendência evolutiva natural que deve ser considerada e respeitada de modo a darmos respaldo a um todo a que podemos também chamar identidade cultural.

Com efeito, a quase perfeita imposição de que se atribui ao surgimento de novos factos culturais vai reflectindo a ideia de diferença própria das sociedades humanas, até como um factor impulsionador e por conseguinte de desenvolvimento, sem que tenhamos de ir estabelecendo comparações com elementos já existentes que devem a princípio – pela lógica dos factos e mesmo atendendo às características que a sociedade vai adoptando com o evoluir dos tempos – acompanhar a dinâmica que se vai impondo a estes novos ventos das sociedades globalizantes e globalizadas, sob pena de sermos engolidos por não reconhecermos os nossos verdadeiros papéis como agentes de factos que respondem à pergunta se ainda assim o mundo não é uma arena cujo engenho artístico vai abrindo novos ângulos de abordagem para irmos descrevendo o cenário quase cinematográfico de que se tornaram os géneros musicais e particularmente o Kuduro, numa dura batalha que tem vindo a travar com as “classes” que o julgam sem que se vistam de um ousado posicionamento de reconhecimento como um pilar promissor que se ergue para um modelo de inclusão e de desenvolvimento sócio-cultural.

Será exactamente assim de maneira brutal que ainda hoje nos convém falar e descrever o Kuduro, mesmo depois de mais de uma dezena e meia de vida activa, ante os olhos impávidos e caluniantes de quem não o reconhece como uma manifestação com uma linguagem muito própria, estritamente associada à sua origem, que resulta de uma adaptação a uma das subvertentes da Dance Music a que se deu o nome de Tribal House? Género este que consistia na inclusão de sons tipo tribais oriundos de regiões da África Central e Austral, estilo esse desenvolvido nos Estados Unidos da América e mais tarde em alguns países da Europa. (Já lá vamos).

Estamos, entretanto, cientes de que não é de todo fácil uma feliz convivência com um género que se vai equilibrando mesmo a despeito dos que o atormentam e que acham nele um carácter efémero, efemeridade esta que o tempo prefere adiar quando com outros fenómenos extinguiu simplesmente. É importante, entretanto, em nosso entender, olharmos com algum “quê” de interrogação para as várias abordagens que vêm surgindo no sentido da descriminação e da construção de opiniões tendentes a darmos, de modo conclusivo, um rótulo de mediocridade a este ritmo, que apesar de a sua história estar muito ligada à House Music (e mais recentemente a uma tendência rítmica que se vem aproximando a passos galopantes do semba e da Kazukuta) apresentar uma vitalidade que poderá surpreender toda uma nação e quiçá mesmo quem o produz, uma vez que o sucesso vem ganhando espaço a nível internacional.

O fim da década de oitenta teve como grande ponto de realce em Angola a “linha de equilíbrio”, caracterizada pelo fim de um fenómeno político que tinha como desígnio manter as balizas de um sistema ideológico marxista-leninista que aos poucos se fora rendendo à dinâmica de uma importante época na nossa história recente. Logo no início dos anos noventa, assistimos a uma tedência de espaço àquilo a que chamamos de discurso livre, cujas linhas eram mais independentistas, ou pouco influenciáveis pelas tendências impostas pelo então sistema, devido ao facto de estarmos mais abertos aos meandros da descrição temporal e da ousadia criativa, fugindo ao modelo que tinha sido adoptado como forma de desenvolvimento político-social e cultural dos povos pelos países que haviam aderido ao Bloco Socialista. Por conseguinte, após a queda do mesmo, abriram-se várias frentes que se foram depois consolidando à medida que se julgavam inseridas no campo artístico. Numa altura em que pela América e por alguns países da Europa já se podia sentir os efeitos de um movimento ideológico que ia impondo formas outras de executar a produção musical ligada sobretudo às pistas de dança – a Dance Music.

E nesta frente, dá-se destaque à House Music, inicialmente conhecida como warehouse music, mas que com o andar do tempo apareceu simplesmente designada por house music. Estilo que foi primeiramente explorado por Dj´s nos Estados Unidos da América, mais propriamente em Chicago, Nova Iorque, Michingan; e pela Europa, Reino Unido, Berlim, Holanda e Bélgica. A House Music era então definida como “um género musical de batida seca, 4/4, com "viradas" de muitas batidas, vocais femininos, melodia alegre e com velocidade próximas a 120 a 135 BPM (Batidas por Minuto)”. Deste importante género musical nasceram outras subvertentes ou subgéneros, que passamos a seguir a defini-los e a dar-lhes um enquadramento histórico:
Acid house: Estilo mais radical de house, género musical produzido em estúdio. O acid surgiu de uma brincadeira de um Dj de Chicago chamado Pierre, com o sintetizador analógico Roland TB-303 (da Roland Corporation em 1982 e 1983 que desempenhou um papel crucial no desenvolvimento da música electrónica contemporânea.), máquina esta que veio a debitar o som acid que saiu em bastantes discos. A sustentação rítmica do acid era feita por contrabaixos electrónicos e baterias programadas. Esses instrumentos são misturados com o auxílio de computadores a sons distorcidos de guitarras dos anos 60, orgasmos femininos repetidos e sequenciados, metralhadoras, explosões e diálogos de filmes. Assim como o house, o acid house é feito para tocar em pistas de dança, nas quais não podem faltar canhões de laser, luzes estroboscópicas, máquinas de gelo e fumaça.


O kuduro, enquanto conceito e género musical


Acid break: resultou da fusão do Acid House com as suas sustentações rítmicas feitas por contrabaixos electrónicos, sons distorcidos de guitarras dos anos 60 e baterias programadas, normalmente criado com o TB 303 da Roland, com as batidas quebradas do Breakbeat.

Soulful House: o estilo de House com forte influência da Soul Music americana. Herdeiro do Garage House tem nos DJ de New York os seus maiores representantes.
Deep House: estilo mais introspectivo de House até ao momento. Como o nome indica, baseia-se em sons profundos e calmos, sobre a batida 4/4 característica do House. É representado por diversas escolas com referências diferentes, do mais orgânico (West Coast) ao sintético (Berlin, Londres).

Electro House: estilo de House com timbres sujos, sintéticos e sombrios e com linhas de baixo ácidas, característica emprestada do electro da década de 80. O sneaky sound system retrata bem a electro house.

Progressive House: Estilo de House que surgiu no inicio dos anos 90. Consiste numa batida 4 por 4 com um bass mais profundo, com uma atmosfera mais melancólica e emocional onde as mudanças na música ocorrem pouco a pouco (a música vai crescendo durante a sua duração e ganhando mais energia, mais força, daí o nome progressivo).

E finalmente:
Tribal House: que consistia no uso de sons considerados tribais nomeadamente na área da percussão, que é exaustivamente trabalhada. Pensa-se que o tribal surgiu de uma ligação entre a música africana e a electrónica. Pode-se dizer que o tribal é o casamento da House Music com ritmos africanos, gerando uma mistura de sons alucinantes. O Tribal ou House Tribal tem batidas pesadas e fortes, porém menos repetitivas (o que certamente o diferira do Kuduro).

Com efeito, não é correcto afirmarmos que o Kuduro seja uma música essencialmente voltada para as raízes angolanas (ou seja que tenha surgido da fusão do Semba e do Zouk, como temos apreciado por aí), tudo porque antes do Kuduro propriamente dito termos passado por essas subvertentes da música house com a forte influência da produção electrónica, o que não quer dizer que o Kuduro hoje tenha deixado de o ser. Continua a ser sim uma música electrónica mas mais introspectiva, uma característica que certamente o diferirá de todas as outras subvertentes da música house, mesmo até em relação àquelas que tenham surgido a nível de outros países africanos. Logo, e tratando-se de uma das vertentes da house é mais provável que o Kuduro seja a perfeita miscigenação rítmica que se pretendia dar à música house quando se lhe adicionaram elementos tipicamente africanos.

Mas em nosso entender achamos que esta relação não é nada casual, uma vez que em outros quadrantes podermos constatar estilos musicais que apareceram primeiramente como uma forte tendência electrónica mas que depois de inseridas num determinado contexto se foram ajustando a ele, pelo que se nota aqui as verdadeiras raízes que foram adicionadas à música electrónica oriundas de África, (na fase Tribal House) o que nos leva, uma vez mais, a concluir que num contexto europeu tenha ocorrido precisamente o mesmo.

O princípio dos anos noventa foi, digamos assim, o período da explosão do mercado musical angolano, quiçá mesmo mundial, pelo que se assistiu à introdução de uma série de elementos novos à música e até a consolidação de outros géneros que não tinham conhecido ainda aquele momento único que se pudessem afirmar como sendo géneros completamente inseridos na cultura musical nacional. Dos géneros musicais que ganharam o espaço nessa altura, destaca-se também o Hip-Hop, que acabou por manter uma relação estreita com o Kuduro e que até hoje persiste, basta olharmos para a pauta melódica do Kuduro que é feito hoje.

Um outro papel que se não deve ignorar, quando falamos do Kuduro, é o papel desempenhado pelos Dj, a quem se poderia eventualmente atribuir o maior protagonismo como pioneiros deste género de música, bem como àqueles que deram forma e identidade às danças que foram surgindo, acompanhando as observações rítmicas que iam dando corpo às músicas. E mesmo hoje, apesar de assistirmos já a uma maior afirmação dos intérpretes, que volta e meia nos vão trazendo cada vez mais um estilo introspectivo e interactivo, são ainda os Dj que vão marcando diferença com algumas produções que tornam o Kuduro num estilo musical mais contextualizado, deixando aquela influência excessivamente electrónica, apesar de a sua produção estar ainda muito patenteada nessa perspectiva por mais paradoxal que pareça por motivos de ordem tecnológica.

Periodização do kuduro

Importa, se calhar, realçar o facto de termos até agora assistido a três distintos momentos do Kuduro, do período, portanto que vai do Açúcar (estilo de dança), isso em 1993 ao momento actual. Assim temos:

1º Período Explosão: o Kuduro era essencialmente marcado por uma vertente ainda influenciada pelas batidas tecno, com uma cadência mais voltada para o tecno propriamente dito. Este período vai de 1993 a 1995 e é o mais curto dos períodos. Nasce igualmente com o programa que era promovido na LAC por Cláudio Silva e Ruca Fançony, o Top Lazer. Realce também para as várias raves que eram realizadas no Grupo Desportivo da Banca. Nomes que se destacaram nesta etapa: Bruno de Castro, Lucky Gomes, BMax, Tony Amado, Necax Brothers, Sebem, (Showcarangue, Palucho, Bebé Chorão, Bebé Diabo – dançarinos).

2º Período Afirmação: o segundo período, que vai mais ou menos de 1995 a 2003 é o mais longo da história do Kuduro, já como uma vertente mais voltada para uma criação instrumental cada vez mais com menos influências do tecno, ou da house music tribal. Neste período, é cada vez mais evidente um desdobramento tanto dos intérpretes quanto dos Dj. Este segundo período é, chamemos assim, a fase de ouro da história do Kuduro, uma vez que é precisamente nessa fase que o Kuduro (dança) dá nome e identidade àquilo que se produzia como música, com o surgimento em alta de Tony Amado, como cabeça de proa do género. Nomes que se destacam: Tony Amado, Sebem, Necax Brothers, Bruno de Castro, Tortulhos, MGM Zangado, Rei Webba, Ângelo Boss, Queima Bilhas, Camilo Travasso, Virgílio Fire, Smal do Arraso, Helder Jr., Rei Tanice, Os Actuais, Znobia, Dj Manya, Salsicha e Vaca Louca, Os Radicais, Dj Nike,
Dj Billabong, Dj. Malvado e Camilo Macunge, entre outros.

3º Período Crise e Viragem: o terceiro período é o mais polémico da história do Kuduro e vai mais ou menos de 2002 aos tempos actuais. Designamos Crise e Viragem por ter vivido exactamente um momento de crise e ter resistido a ele, e por conseguinte ter imposto uma nova dinâmica ao género musical, pelo que consideramos ter havido uma viragem muito bem conseguida. Figuras que se destacam: Sebem, Tony Amado, Kome Todas, Smal do Arraso, Pai Diesel, Máquina do Inferno, Nacobeta e Puto Português, Fofandó e Puto Saborosa, Puto Prata e Noite e Dia, Bobany King, Nayo Crazy, Magnésio e os Caixa Baixa, Shaquira e Paranóico, Puto Lilas, Bila Bila, Znobia (é também neste período que voltamos a assistir a uma explosão de Dj), Dog Murras, Os Lambas, Bruno M, Os Kalunga Mata, Os Turbantes, Mandiloy, Dj Walter Laton, Dj Kilamu, Dj Texas, Havaianas, Puto Bayó, Própria Alicha, Puto Agressivo e Kamba Toy, Dj Mankilla, Dj Alex, Dj Olavo, Bobo G, Os Vagabanda, Agre G, Os PPs, Agres, Dj. Bula, Dj Francisco Paulo, Zoca Zoca, etc…!